sexta-feira, março 02, 2007

Marcegol


Não deixe o penteado cuidado, meticuloso e pejado de gel enganá-lo. Não estamos a falar de um jogador de finesse. Ponha a pena e o tinteiro de parte e pegue na esferográfica bic. Tire esse fatinho Armani e vista o seu fato de treino Lacatoni. Vamos falar de Marcelo.

Goleador implacável, nunca passou de um jogador banal até chegar ao quasi-Uefeiro Tirsense de 1993 - 1995, onde alinhou com outros grandes do panorama cromífluo nacional.

Porquê só em Sto.Tirso? Quiçá por disfrutar da liberdade que advém de ter as costas guardadas por Goran, Rui Gregório e Paredão. Quiçá por receber a redondinha dos mágicos pés da quase-recente contratação do 1º de Dezembro, Hugo Porfírio, e do benigno sósia de Paulo Nunes, Giovanella. Quiçá por formar com o mini-Hasselhoff a dupla de ataque mais opressiva e ditatorial de que há memória: a dupla Marcelo/Caetano. Quiçá simplesmente porque gostava de tremoços, Marcelo despontou em Santo Tirso, qual flor desabrochando através de uma fenda de um passeio de betão urbano.

Segue-se o Sport Lisboa. Formava-se uma excelente equipa de matrecos para os lados da Luz, e paralelemente também tentavam construir algo que se assemelhasse a uma squadra de futebol. Para tal, a instituição antecipou-se aos grandes clubes da Europa, e assegurou a aquisição do "Pack Jesuíta 1995/1996", que incluía o próprio Marcelo, um Paredão pré-Chelsea, três sacos de amendoíns, um calendário da Ferbar e um corta-unhas com a imagem da Nossa Sra de Fátima. Em troca, o Benfica forneceu à agremiação de Santo Tirso os direitos de imagem do futebolista Paulão e três baralhos de cartas com fotos dos melhores cortes em carrinho do defesa Pedro Henriques.

Em Lisboa, apesar de ser um dos jogadores mais utilizados do plantel e fazer equipa com portentosos facilitadores da bola como Mauro Airez e Iliev, Marcelo só fez sete golos durante a época inteira. De realçar que três foram marcados com o tornozelo, dois com a canela, um com o ombro, e um com a nuca.

Dado o sofrível total nunogomesco de tentos efectuados, este guerreiro da grande área foi de pronto ostracizado para abrir caminho para o trio Pringle-Hassan-Akwá, que estaria destinado a devolver momentos de glória ao clube. De costas voltadas para Portugal, Marcelo aventurou-se no estrangeiro: "Pô, se o Paredão consegue ser um cromo do football da Premiership, então o Marcelo vai virar artilheiro...Gente, tô com fome. Quero um brigadeiro."

Passagens rançosas pelos temíveis Alavés, Sheffield Utd, Birmingham e Walsall demonstraram-nos o contrário. Porém, o resiliente luso-brasileiro não estava acabado. Decidiu acabar a carreira onde a tinha começado nos anos 80: na Coimbra dos Estudantes, onde nos ensinou que estava de facto mais do que acabado prá bola. E que ensaboadela foi.

7 comentários:

Anónimo disse...

este era um belo matreco,era...

Ricky_cord disse...

E lembram-se que o artista chegou a ser falado para a selecção? Fez parte da geração King que esteve no SLB. Grande Artur Jorge

fractalview disse...

Este artista era uma espécie estranha de luso-brasileiro: se não me engano, era Português, mas falava com sotaque do Brasil e tinha lá vivdo grande parte da vida. Daí a convivência salutar com Emerson Thomé, AKA Paredão, Gio"no Celta de Vifo é que eu sou bom"Vanella e mais tarde, com o símbolo do monopólio futebolístico ítalo-brasileiro, a Parmalat! Sempre com olho clínico para a espécie cromática, Fitzx!

Anónimo disse...

Esse poderia ter sido um verdadeiro goleador. Pena que com a mudança de ares, de Santo Tirso para Lisboa, perdeu os magníficos municiadores que o levaram ao estrelato.

Anónimo disse...

Outro jogador que perdeu mas temporariamente os dotes d goleador quando mudou-se prá luz, foi o rei Hassan d Marrocos. Quando voltou a Faro começou a facturar otra vez..

João Silva disse...

aquele jogo contra o leiria em que ele deu a presença na final da taça ao glorioso...LINDO!

Anónimo disse...

o glorioso tirsense?

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